A Copa do Mundo da FIFA 2010 marca a estreia de Carlos Queiroz, seleccionador de Portugal, à frente de uma selecção no maior evento do futebol mundial. No entanto, Queiroz, que nasceu em Moçambique, tem uma relação de grande proximidade com a África do Sul, já que treinou o país-sede durante dois anos, garantindo a qualificação dos sul-africanos para a prova da Coreia/Japão 2002, demitindo-se em seguida. A menos de 100 dias do início do Mundial, o FIFA.com esteve com o homem que treina a Selecção das Quinas.

FIFA.com: Como estão a correr os preparativos de Portugal para a competição?
Carlos Queiroz: Estamos a progredir. Actualmente, estamos a tratar dos detalhes e tentar criar a harmonia correcta entre todos os aspectos necessários. Há uma pequena preocupação com uma ou duas questões. Por exemplo: a chegada dos jogadores ao local de treino, o início da preparação, as datas das viagens. Não é uma tarefa simples preparar uma equipa, tendo em conta todas as etapas que são necessárias ultrapassar até chegar ao primeiro jogo.

Com tão pouco tempo para o início do Mundial, qual é o trabalho mais importante a ser feito?
Neste momento, eu diria que o mais importante é esperar para que os jogadores não sofram lesões. Porque, quando já temos a noção exacta da situação da  equipa e as possibilidades em relação ao futuro, é importante que todos estejam em boa forma quando a hora decisiva chegar.

Houve uma clara mudança de rendimento na segunda metade da qualificação: Portugal marcou oito golos e não sofreu nenhum nos quatro últimos jogos do grupo e, posteriormente, venceu a Bósnia-Herzegovina no play-off. O que conduziu a essa mudança?
A convicção, sem dúvida nenhuma, porque sempre soubemos que Portugal estava no rumo certo. Nunca duvidei que os dois ou três primeiros resultados não traduziam a qualidade e o desempenho da equipa. Por isso, o mais importante era não duvidar das nossas capacidades e manter o rumo que tínhamos traçado.

O que o impressionou mais nos preparativos que a África do Sul está a fazer para o Mundial?
Está a correr tudo muito bem. Quem está habituado a este tipo de eventos sabe que nas vésperas de um Mundial existe sempre alguma ansiedade, nervosismo e frustração por parte das pessoas que não estão tão familiarizadas com a organização deste tipo de competição. Mas todos sabemos que, quando a hora decisiva chegar, tudo estará pronto.

Viveu na África do Sul e conhece muito bem a realidade local. Até que ponto isso pode ser importante para o desempenho de Portugal?
Pessoalmente, sinto-me bastante privilegiado com a experiência que tive como treinador da África do Sul. Conheci as pessoas e utilizei as estruturas. Também me familiarizei com o inverno sul-africano e, neste aspecto, as memórias trazem-me alguma preocupação, mas estou a fazer tudo para que Portugal não seja surpreendido por isso.

O prazo para a entrega da lista de jogadores para o Mundial está cada vez próximo. Em que ponto está o processo de escolha dos 23 eleitos?
Actualmente, ainda contamos com um grupo de cerca de 40 jogadores, que estão a ser acompanhados há muito tempo e com muita atenção. A base da equipa não vai mudar muito, mas, obviamente, as portas da selecção estão sempre abertas para receber jogadores que estejam num grande momento de forma e prontos a dar tudo de si em prol do país.